Turismo espacial: você está preparado para essa aventura?

Nos últimos tempos, o tema turismo espacial vem ganhando destaque na mídia. A possibilidade de viajar para além do planeta Terra deixou de ser um sonho para se tornar, pelo menos para alguns, realidade.

O turismo espacial pode ser definido como a possibilidade de cidadãos comuns de qualquer lugar do planeta embarcarem em uma cápsula acoplada a um foguete e serem disparados para além da nossa atmosfera. Esse tipo de lazer envolve viagens suborbitais e orbitais.

As viagens suborbitais ocorrem fora da atmosfera terrestre, a até 80-100 km de altura, seguida por uma descida em queda livre, proporcionando a sensação de gravidade zero.

Nas viagens orbitais, a nave consegue circular a Terra, partindo e retornando à atmosfera a partir de um mesmo ponto, de maneira mais lenta.

Em 2021, as três principais empresas privadas do mercado aeroespacial fizeram viagens com civis entre seus tripulantes, levando 18 pessoas para passear no espaço.

Início das viagens espaciais

As viagens espaciais começaram há algumas décadas, mas de maneira diferente do que temos visto hoje. Depois do lançamento do macaco Albert II, em 1949, e da cachorrinha Laika, em 1957, que morreram carbonizados na volta à Terra, o primeiro voo tripulado com retorno bem-sucedido de seus ocupantes aconteceu em 1960. Nessa viagem, também foram enviados dois cães: Belka e Strelka.

Um ano depois, o astronauta soviético Yuri Gagarin tornou-se a primeira pessoa a ir para o espaço pilotando a espaçonave Vostok I, do programa espacial da então União Soviética. Dois anos depois, foi a vez de uma mulher ser enviada ao espaço, também pela União Soviética: Valentina Tereshkova, que voou a bordo da nave Vostok 6. Em 1969, o americano Neil Armstrong foi a primeira pessoa a andar na Lua.

Algumas décadas se passaram até que um cidadão civil pode viajar ao espaço. Trata-se do multimilionário norte-americano Dennis Anthony Tito, que entrou para a história como a primeira pessoa a pagar por esse privilégio – Tito desembolsou US$ 20 milhões por um assento em uma nave espacial.

Por que fazer uma viagem espacial?

As viagens espaciais fornecem uma nova perspectiva sobre o mundo que pode ser emocionante e empoderadora. Para muitos viajantes espaciais, o ponto alto de sua jornada é a chance de visualizar a Terra de cima. Esta perspectiva única pode proporcionar uma maneira diferente de enxergar a beleza do nosso planeta e seu tamanho inimaginável. Além disso, os voos de turismo espacial permitem que o viajante veja a vida humana sob uma nova perspectiva.

Existe um nome para isso: é o chamado efeito visão geral, uma mudança filosófica que ocorre quando os astronautas veem a Terra do espaço. Essa mudança muitas vezes leva a um maior senso de responsabilidade pela proteção do planeta. Se você está procurando uma viagem inesquecível, considere reservar um voo de turismo espacial. Você não ficará desapontado.

Como viajar para o espaço?

Para fazer uma viagem espacial a turismo, os procedimentos dependem de cada empresa, lembrando que existe uma lista de espera em todas elas. Os interessados devem acessar o site da empresa de seu interesse e preencher um formulário para se cadastrar.

Em geral, são solicitadas informações como nome, endereço, telefone, profissão e data em que a pessoa pretende voar. Algumas empresas podem solicitar ainda uma breve descrição sobre a pessoa interessada em voar, informações sobre alguma aventura da qual tenha participado e o que acha mais interessante no voo que ela pretende realizar.

Principais empresas que oferecem turismo espacial
Blue Origin

Fundada no ano 2000 pelo criador da Amazon, Jeff Bezos, a companhia já realizou dois voos de turismo espacial, ambos em 2021. Para voar pela Blue Origin, os turistas espaciais embarcam em um foguete New Shepard, com capacidade para seis passageiros. A nave conta com controle acústico e de temperatura, telas com informações e um sistema de intercomunicação. O foguete e a cápsula se separam ainda na subida, antes de atingir a altitude máxima do voo, e retornam separadamente. 

Assim que o foguete atinge a borda do espaço, a cápsula se desconecta e os tripulantes recebem um sinal indicando que podem retirar os cintos de segurança, possibilitando assim alguns momentos de gravidade zero. A cápsula possui grandes janelas que permitem uma vasta observação do nosso planeta. Durante quatro minutos os passageiros podem “navegar” dentro da cápsula, até que um novo sinal será ativado para que eles retornem aos seus acentos, afivelando os cintos novamente. A cápsula volta então para a Terra, pousando com a ajuda de dois paraquedas.

Na Blue Origin, para que o sonho de conhecer o espaço se concretize, é preciso cumprir alguns pré-requisitos. Por exemplo, a idade mínima é 18 anos. Além disso, os interessados devem:

  • Ter mais de 1,50 m e menos de 1,92 m;
  • Peso mínimo de 50 kg e máximo de 101 kg;
  • Capacidade de escalar a torre de lançamento da nave New Shepard (o equivalente a sete lances de escadas) em 90 segundos e de andar em superfícies ligeiramente desniveladas;
  • Prender-se e soltar-se do cinto de segurança em até 15 segundos;
  • Ser capaz de suportar uma força de até três vezes a aceleração da gravidade (3 Gs), por cerca de dois minutos;
  • Escutar e compreender instruções, em inglês, de membros da tripulação ou de comunicadores de rádio, em um ambiente em que o volume do som pode chegar a 100 dB.
  • Além disso, é preciso participar de alguns treinamentos, realizados em um dia, durante cerca de 14 horas. Neles, os viajantes fazem ensaios de missões, recebem instruções de segurança, além de procedimentos operacionais em geral e orientações sobre microgravidade.
Virgin Galactic

A Virgin Galactic, fundada em 2004 pelo bilionário britânico Richard Branson, foi a primeira empresa privada a levar turistas a um voo suborbital, com três opções de passeio: comprar um assento único, adquirir um pacote com vários assentos ou o fretamento de um voo completo para até seis pessoas.

O voo espacial é feito a bordo da SpaceShipTwo. O primeiro modelo, que levou Branson ao espaço, foi o VSS Unity. A nave oferece assentos reclináveis e ajustáveis para ficar sob medida para cada passageiro; iluminação automatizada, que se harmoniza com cada fase do voo; telas individuais com dados em tempo real; 16 câmeras, que fornecem imagens e fotos de alta definição, e 12 janelas para que os tripulantes possam contemplar a principal atração da viagem: a Terra.

A Virgin Galactic é menos exigente quanto aos pré-requisitos, exigindo apenas que o futuro tripulante esteja em boa forma física. Cumprida essa exigência, ele inicia os treinamentos, que acontecem durante três dias no Spaceport America, localizado no Novo México, nos Estados Unidos.

Esses treinamentos envolvem:

  • Ensaios de microgravidade;
  • Recomendações de segurança (especialmente para os momentos de alta aceleração);
  • Instruções sobre os equipamentos de proteção individual (EPIs) a serem utilizados no voo.

No final de junho deste ano, a Virgin Galactic realizou seu primeiro voo comercial ao espaço em uma bem-sucedida viagem levando três pesquisadores com o objetivo foi realizar vários experimentos a bordo.

SpaceX

Outra empresa é a SpaceX, fundada em 2002 pelo empresário Elon Musk, que realizou neste ano um voo totalmente civil: a missão Inspiration4, financiada e comandada pelo bilionário Jared Isaacman. Quem optar por viajar pela SpaceX será lançado ao espaço em uma cápsula Crew Dragon, que tem capacidade para carregar até sete tripulantes. A cápsula é reutilizável e pousa no oceano com a ajuda de paraquedas.

Apesar de a empresa não ter divulgado os pré-requisitos que devem ser cumpridos para quem deseja ir ao espaço, em sua primeira missão a Inspiration4 exigiu que os tripulantes realizassem o mesmo treinamento que os astronautas da Nasa recebem, incluindo testes físicos, aulas de mecânica orbital e treinamento básico sobre o funcionamento e operação da cápsula.

World View Experience

A experiência proposta pela World View, fundada em 2012 por Walter Scott, é diferente da apresentada por outras companhias: uma cápsula, com seis passageiros e duas pessoas responsáveis pelo grupo, sobe até 30 quilômetros por meio de um balão de gás feito com um filme de polietileno de alto desempenho. A viagem de ida e volta para a Terra dura entre quatro e seis horas. Em um período de duas horas, os tripulantes ficam no espaço, observando a Terra de longe. Na descida, a cápsula se desprende do balão, apoiando-se em um paraquedas.

Space Adventures

Fundada em 1998, por Eric Anderson, a Space Adventures é uma empresa de turismo espacial com sede em Vienna, Virgínia, nos Estados Unidos. A companhia oferece voos atmosféricos de gravidade zero, voos espaciais orbitais (com a opção de participar de uma caminhada espacial) e outras experiências relacionadas a voos espaciais, incluindo treinamento de cosmonautas, treinamento de caminhada espacial e excursões de lançamento.

A Space Adventures aceita reservas para futuros voos suborbitais planejados e para uma missão que pretende orbitar a Lua. A empresa também busca pessoas interessadas em futuras viagens à Estação Espacial Internacional (ISS), único posto avançado permanentemente tripulado da humanidade.

Hotéis espaciais

Com a ascensão do turismo espacial, os hotéis no espaço também começam a ganhar forma.

A proposta da Orion Span tem como foco a Estação Espacial Aurora, destinada a ser colocada em órbita baixa da Terra, onde funcionará como um hotel espacial de luxo, que terá espaço para até seis pessoas, sendo dois tripulantes e quatro turistas.

O preço inicial definido pela empresa para a viagem completa de ida e volta e a estadia no hotel custa US$ 9,5 milhões, com um depósito de US$ 80 mil exigido por pessoa.

É possível fazer uma reserva para uma viagem à Estação Espacial Aurora e uma estadia no hotel de luxo visitando o site da empresa.

Outros dois hotéis espaciais estão sendo planejados para ser desenvolvidos pela Orbital Assembly Corporation, uma empresa focada em projetos de construção de estações espaciais. O Voyager Station é um hotel espacial de luxo em grande escala projetado para acomodar até 400 hóspedes, incluindo uma tripulação de cerca de 100 pessoas.

Ele será composto por 24 módulos habitacionais de 20 metros de comprimento e 12 metros de largura e girará sobre si mesmo para gerar uma gravidade artificial que permitirá que os hóspedes fiquem de pé. A gravidade será cerca de um sexto daquela encontrada na Terra, o mesmo nível de gravidade da Lua.

O hotel abrigará locais de entretenimento, restaurantes, bares, uma academia e outras instalações comuns a redes hoteleiras de alto padrão. O início das obras está previsto para 2026.

Um hotel espacial semelhante, o Pioneer Station, também está sendo planejado, com desenvolvimento previsto para começar em 2025. Neste caso, ele foi projetado para receber, no máximo, 28 ocupantes. Pretende-se que funcione de maneira semelhante ao Voyager Station, usando gravidade artificial.

Quem também está apostando alto em turismo espacial é a rede hoteleira Hilton, uma das maiores do mundo. A empresa formalizou uma parceria para criar dormitórios da Starlab, estação espacial que deverá operar a partir de 2027. A proposta da empresa é usar este ambiente único para aprimorar a experiência dos hóspedes estejam ele onde estiverem.

Quanto custa uma viagem ao espaço?

Para os chamados voos suborbitais (mais simples), o turista espacial desembolsará cerca de US$ 50 mil. Já para os voos espaciais orbitais é preciso investir bem mais: no mínimo US$ 250 mil, além de cerca de US$ 1 mil para entrar para a fila de espera. Mas os valores podem chegar a US$ 55 milhões, como no caso da SpaceX, em uma viagem de 10 dias.

Futuro do Turismo Espacial

Especialistas apontam que o turismo de viagens espaciais continuará a crescer em popularidade. Uma pesquisa do Pew Research Center sobre turismo espacial revelou que mais da metade dos americanos espera poder viajar para o espaço dentro das próximas cinco décadas.

Mas a pesquisa mostrou também que poucos teriam coragem de realizar uma viagem ao espaço. Cerca de 65% dos participantes disseram que não estariam dispostos a ir para o espaço se tivessem a oportunidade – um número 10% maior do que os 55% que esperam que a viagem espacial esteja amplamente disponível.

No entanto, o interesse nessa indústria provavelmente aumentará quando o turismo espacial se estender além da órbita da Terra. Porém, as viagens provavelmente permanecerão extremamente caras no futuro.

Segundo especialistas, para que o negócio do turismo espacial prospere, será necessário levar em consideração outros aspectos que não sejam só os técnicos, como é o caso das implicações legais ou ambientais.

Já se podem ver alertas sobre a poluição que esta indústria pode gerar à medida que seu desenvolvimento evolua. Por isso, já existem pessoas que apostam na sustentabilidade dessas viagens: o voo de Jeff Bezos com a Blue Origin utilizou hidrogênio e oxigênio líquidos, combustíveis com uma pegada ambiental inferior.

O voo espacial comercial e o turismo espacial estão se tornando perspectivas mais realistas a cada dia, e algumas empresas aeroespaciais já estão aceitando reservas. Geralmente, essas reservas equivalem a garantir um lugar em uma lista de espera, mas os indivíduos nessas listas poderão experimentar uma viagem ao espaço em breve.

O turismo espacial é uma nova e empolgante maneira de viajar, e há uma série de opções diferentes disponíveis para atender a qualquer orçamento. Se você está procurando um voo suborbital curto ou uma estadia mais longa em um resort orbital, há uma viagem espacial perfeita para você.

Fontes:
https://olhardigital.com.br/2021/11/03/ciencia-e-espaco/turismo-espacial/
https://www.revfine.com/pt/turismo-espacial/
https://www.revfine.com/pt/hotel-espaco/
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/inovacao/noticia/2021/09/14/voo-
orbital-x-suborbital-entenda-as-diferencas-da-viagem-da-spacex-para-as-de-
bezos-e-branson.ghtml

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